INDIGNAÇÃO NOSSA DE CADA DIA
Hoje recebi um email de um amigo professor que me fez pensar e refletir mais sobre o assunto. Também assisti a reportagem da RPC com o professor Marcos Meier e confesso que fiquei pensativo nas palavras proferidas por ele mas não havia chegado a conclusão que meu amigo professor Marcos chegou.
Por isso resolvi colocar aqui para que todos pensem a respeito.
"Olá, apesar do e-mail ser postado para "equipe" espero que seja encaminhado ao professor Marcos Meier. Grato.
Professor Marcos Meier,
Hoje, enquanto me arrumava para seguir ao trabalho, sou professor da rede Pública de ensino, assisti sua participação no jornal da RPC e fiquei assustado, para não dizer chocado, com algumas de suas observações. Antes deixe-me dizer que o ouvia sempre que podia no rádio, mas desisti quando a Maria Rafat assumiu o comando do programa, já que não sou muito fã dos comentários que ela faz e de alguns de seus posicionamentos, por este motivo é que, em outras oportunidades, me interesso por seus comentários.
Pois bem, em sua entrevista na reportagem sobre a violência na escola hoje na RPC logo cedo, você disse duas coisas que acredito serem fruto, desculpe-me a sinceridade, de um embebedamento causado pelo reconhecimento público, pela fama. Como você mesmo diz, parafraseando nossos alunos, uma viagem na maionese.
Primeiro sua sugestão foi de que se mudasse a turma de sala, troca-se a 8ªA pela 8ªB, uma ação simples na sua opinião e isso ajudaria a dirimir a situação, considerando que os alunos que viram o tiro, ao ver o furo no quadro, sofreriam mais que os outros que não presenciaram o crime (acidente?), "o significado do furo no quadro seria diferente para a outra turma..." Professor Marcos, por favor, o furo no quadro, em hipótese alguma, deve estar naquele quadro ainda, nem que o diretor pague do bolso o conserto... É uma loucura admitir que esta manutenção mínima (ridícula) não tenha sido feita... Trocar a turma de sala causaria sim uma espécie de terror nos adolescentes do tipo "casa mal assombrada" ou "foi naquela sala que ela morreu"... Esta não seria nunca parte da solução e sim, uma atitude, parte do problema...
Ainda em seus conselhos você afirmou que deveríamos incentivar a delação para casos graves (portar uma faca) e não fazê-lo para casos banais (jogar uma bola de papel no professor, gazear aulas, etc)... Puxa professor, que decepção... Jogar uma bola de papel no professor não é grave? Sinceramente, não sei como seria uma aula sua para seus alunos... Até eu sei que são de atitudes pequenas, não corrigidas, que surgem grandes problemas, nem preciso me explicar muito para não duvidar que de uma bolinha de papel atirada no professor mais tarde surja uma agressão moral ou física ainda mais grave... Sei que vai dizer que uma coisa não tem haver com a outra e que cabe ao professor encontar quem fez e não esperar a ajuda de quem você rotula como dedo-duro... Graças a estes pobres rotulados é que a polícia resolve mais de 90% de seus casos, assim como são eles os responsáveis pela queda de inúmeros políticos corruptos, entre tantas outras situações... Incentivar que eles "dedurem" atos transgressores não é ir contra sua natureza, mas sim, é ajudar a construir cidadania, honestidade, franqueza, brio... É assim, socialmente, que se constrói o ser humano... Ou você vai tentar me convencer que atirar bolas de papel em alguém, cabular aulas ou ser mal-educado de alguma forma é da natureza humana... Por acaso já nascemos assim? Esta seria uma anomalia genética e não social?
Quando palestramos por aí, falamos para 100 pessoas, por exemplo, e destas ficam lá 5, 10 ou 15 para nos elogiar... Os que não gostaram saem falando e seguem seu rumo... Nos falta coragem para voltar e criticar, sendo que muitas vezes isto é resultado de um sentimento do tipo "para que vai servir dizer isso?" Me senti meio assim, mas mesmo assim, segue o que penso.
Forte Abraço! "
DIREITO DE RESPOSTA: POR MARCOS MEIER
A resposta ao email:
Oi Marcos.
Muito obrigado por seu email cuja intenção foi de me fazer refletir.
Infelizmente o debate não ocorreu em minha entrevista, o que faz com que algumas afirmações fiquem "parciais", ou seja, não refletem minha total opinião a respeito do caso, nem foi possível aprofundar as razões das minhas opiniões , o que pode indicar superficialidade, apesar de nao ser.
Sou, há muitos anos, um dos principais defensores do papel do professor e luto constantemente para que seja respeitado, valorizado e admirado por usa função social. Assim, quando afirmo que "jogar papel no professor" não deveria ser visto como uma transgressão que possa trazer perigo em relação a crime, etc. NÃO quer dizer que eu admito uma situação dessas, apenas que é um processo que adolescentes fazem e que não deveriam ser dedurados por seus colegas, mas que deveriam ser corrigidos sim, pois não se deve desrespeitar o pofessor (isso não falei naquele contexto da entrevista). Vendo novamente, concordo que possa ter ficado essa má impressão. Obrigado pelo alerta, tentarei , em proximas entrevistas corrigir ou transmitir uma imagem melhor a respeito do valor que o prof tem que ter.
Quanto a mudança de sala (8a - 8b) é uma sugestão que, juntamente com o fato de que os adolescentes vao ter que FALAR sobre o que ocorreu, diminui o trauma de terem presenciado a morte. (provavelmente a troca do quadro negro pode demorar mais do que o necessário , e mesmo que o troquem, a imagem da amiga estendida no chão daquela sala especificametne, não rpecisa ser cada dia relembrada. É procedimento embasado na psicologia do tratamento pós-traumático.
Bem, obrigado pelo alerta, vou ficar mais atento às colocações que faço em relação ao que é "normal" ou não no trato com o professor e com os adolescentes.
Abraço
Marcos
Por isso resolvi colocar aqui para que todos pensem a respeito.
"Olá, apesar do e-mail ser postado para "equipe" espero que seja encaminhado ao professor Marcos Meier. Grato.
Professor Marcos Meier,
Hoje, enquanto me arrumava para seguir ao trabalho, sou professor da rede Pública de ensino, assisti sua participação no jornal da RPC e fiquei assustado, para não dizer chocado, com algumas de suas observações. Antes deixe-me dizer que o ouvia sempre que podia no rádio, mas desisti quando a Maria Rafat assumiu o comando do programa, já que não sou muito fã dos comentários que ela faz e de alguns de seus posicionamentos, por este motivo é que, em outras oportunidades, me interesso por seus comentários.
Pois bem, em sua entrevista na reportagem sobre a violência na escola hoje na RPC logo cedo, você disse duas coisas que acredito serem fruto, desculpe-me a sinceridade, de um embebedamento causado pelo reconhecimento público, pela fama. Como você mesmo diz, parafraseando nossos alunos, uma viagem na maionese.
Primeiro sua sugestão foi de que se mudasse a turma de sala, troca-se a 8ªA pela 8ªB, uma ação simples na sua opinião e isso ajudaria a dirimir a situação, considerando que os alunos que viram o tiro, ao ver o furo no quadro, sofreriam mais que os outros que não presenciaram o crime (acidente?), "o significado do furo no quadro seria diferente para a outra turma..." Professor Marcos, por favor, o furo no quadro, em hipótese alguma, deve estar naquele quadro ainda, nem que o diretor pague do bolso o conserto... É uma loucura admitir que esta manutenção mínima (ridícula) não tenha sido feita... Trocar a turma de sala causaria sim uma espécie de terror nos adolescentes do tipo "casa mal assombrada" ou "foi naquela sala que ela morreu"... Esta não seria nunca parte da solução e sim, uma atitude, parte do problema...
Ainda em seus conselhos você afirmou que deveríamos incentivar a delação para casos graves (portar uma faca) e não fazê-lo para casos banais (jogar uma bola de papel no professor, gazear aulas, etc)... Puxa professor, que decepção... Jogar uma bola de papel no professor não é grave? Sinceramente, não sei como seria uma aula sua para seus alunos... Até eu sei que são de atitudes pequenas, não corrigidas, que surgem grandes problemas, nem preciso me explicar muito para não duvidar que de uma bolinha de papel atirada no professor mais tarde surja uma agressão moral ou física ainda mais grave... Sei que vai dizer que uma coisa não tem haver com a outra e que cabe ao professor encontar quem fez e não esperar a ajuda de quem você rotula como dedo-duro... Graças a estes pobres rotulados é que a polícia resolve mais de 90% de seus casos, assim como são eles os responsáveis pela queda de inúmeros políticos corruptos, entre tantas outras situações... Incentivar que eles "dedurem" atos transgressores não é ir contra sua natureza, mas sim, é ajudar a construir cidadania, honestidade, franqueza, brio... É assim, socialmente, que se constrói o ser humano... Ou você vai tentar me convencer que atirar bolas de papel em alguém, cabular aulas ou ser mal-educado de alguma forma é da natureza humana... Por acaso já nascemos assim? Esta seria uma anomalia genética e não social?
Quando palestramos por aí, falamos para 100 pessoas, por exemplo, e destas ficam lá 5, 10 ou 15 para nos elogiar... Os que não gostaram saem falando e seguem seu rumo... Nos falta coragem para voltar e criticar, sendo que muitas vezes isto é resultado de um sentimento do tipo "para que vai servir dizer isso?" Me senti meio assim, mas mesmo assim, segue o que penso.
Forte Abraço! "
DIREITO DE RESPOSTA: POR MARCOS MEIER
A resposta ao email:
Oi Marcos.
Muito obrigado por seu email cuja intenção foi de me fazer refletir.
Infelizmente o debate não ocorreu em minha entrevista, o que faz com que algumas afirmações fiquem "parciais", ou seja, não refletem minha total opinião a respeito do caso, nem foi possível aprofundar as razões das minhas opiniões , o que pode indicar superficialidade, apesar de nao ser.
Sou, há muitos anos, um dos principais defensores do papel do professor e luto constantemente para que seja respeitado, valorizado e admirado por usa função social. Assim, quando afirmo que "jogar papel no professor" não deveria ser visto como uma transgressão que possa trazer perigo em relação a crime, etc. NÃO quer dizer que eu admito uma situação dessas, apenas que é um processo que adolescentes fazem e que não deveriam ser dedurados por seus colegas, mas que deveriam ser corrigidos sim, pois não se deve desrespeitar o pofessor (isso não falei naquele contexto da entrevista). Vendo novamente, concordo que possa ter ficado essa má impressão. Obrigado pelo alerta, tentarei , em proximas entrevistas corrigir ou transmitir uma imagem melhor a respeito do valor que o prof tem que ter.
Quanto a mudança de sala (8a - 8b) é uma sugestão que, juntamente com o fato de que os adolescentes vao ter que FALAR sobre o que ocorreu, diminui o trauma de terem presenciado a morte. (provavelmente a troca do quadro negro pode demorar mais do que o necessário , e mesmo que o troquem, a imagem da amiga estendida no chão daquela sala especificametne, não rpecisa ser cada dia relembrada. É procedimento embasado na psicologia do tratamento pós-traumático.
Bem, obrigado pelo alerta, vou ficar mais atento às colocações que faço em relação ao que é "normal" ou não no trato com o professor e com os adolescentes.
Abraço
Marcos
Comentários